Percebo todos os dias o aumento de conteúdos ruins e nocivos trafegando pelas redes sociais, aos quais estão ligados totalmente à saúde mental. Por isso ressalto, seriam as mídias sociais o carro do novo adulto?
O que quero dizer com isso é: quando eu e minha geração éramos crianças, nossos pais tinham o costume de falar ou guardar dinheiro, para que quando completássemos 18 anos, pudéssemos dirigir e ter nosso próprio carro. Muitos adolescentes da época, mal viam essa hora chegar para sair de balada com seu próprio carro. Era algo muito aguardado e proibido de usar até os 18.
Até hoje, óbvio, que só podemos dirigir ao completar 18, mas esse paralelo é quanto ao desejo. Era uma vontade muito grande de usar algo proibido que nos daria liberdade absoluta.
E, será que seria correto dizer que deixar o adolescente pilotar sozinho suas redes sociais não são tão perigosas quanto pegar o carro escondido de antigamente? Será que seria correto afirmar que o ideal, seria deixar o adolescente usar sozinho suas próprias redes, somente quando completarem 18 anos? Seria mais prudente para evitar determinadas doenças e acidentes?
Para dar embasamento a esta linha raciocínio sobre saúde mental, a seguir tem uma reflexão da psicóloga e psicoterapeuta Ludmila Santoro.
Nomofobia – A fobia do século XXI
É certo afirmar que a utilização da tecnologia e a comodidade que ela traz para as pessoas é indiscutível. O acesso à internet, principalmente, proporciona muito mais informação ao indivíduo e inúmeras possibilidades, a comunicação nunca foi tão fácil e tão abrangente para todos. Porém, tudo em excesso tem seus malefícios e essa necessidade de estar conectado o tempo todo gera em algumas pessoas a Nomofobia.
A palavra Nomofobia foi criada na Inglaterra e é originária da expressão no-mobile-phone phobia. Essa nomenclatura define as sensações e os sentimentos observados nas pessoas provenientes da interação com as novas tecnologias. Serve para mostrar o desconforto e angustia causada pelo receio de ficar off-line, longe do celular e/ou computador.
Nos últimos 10 anos percebemos o uso intenso e crescente dos telefones celulares. Houve uma popularização, pela redução no custo desses aparatos, porém é relevante observar os limites desta utilização.
Existe um limiar entre a dependência normal e a patológica e precisamos ficar atentos. Esta dependência é igual a qualquer outro vício. A dependência patológica vai se manifestar em pessoas quando ficam sem o celular ou computador, e então acabam apresentando sintomas comportamentais e emocionais como: ansiedade, nervosismo, angústia, entre outros e são conhecidos como os sintomas nos nomofóbicos (King et al, 2014).
Os indivíduos que tendem a desenvolver esta patologia são aqueles que apresentam um perfil inseguro, dependente e ansioso. Claro que precisamos ter o cuidado para diferenciar comportamentos normais dos patológicos.
A dependência considerada “normal” é aquela que permite aproveitar toda essa tecnologia de uma forma que não comprometa sua vida social, pessoal e profissional. A definição de dependência vai provir dessa inadequação e apresentar sintomas em seu histórico.
A psicóloga Ana Lúcia Spear cita que “mesmo o uso sendo diário e por muitas horas, não configura uma dependência patológica“. O distúrbio acontece quando a vida profissional, social e familiar, provocam consequências indesejáveis, nocivas e prejudiciais.
Já existem centros especializados em dependência da internet. O primeiro foi fundado no Reino Unido, em 1995. Para tornar-se apto ao tratamento, o interessado deve apresentar alguns sintomas como:
- impulso para usar a internet;
- dificuldade de controlar o tempo de uso;
- abandono de atividades sociais, entre outros.
No Brasil, em 2008, o Hospital das Clínicas (HC), em São Paulo, iniciou um programa para tratamento dos chamados “heavy users” – Usuários abusivos de internet.
É importante lembrar que, assim como a televisão ou rádio, nossos atuais meios tecnológicos vieram pra ficar. Nosso futuro será cada vez mais cibernético e muitos não estão preparados.
Um grande público dessa nova era são os jovens e as crianças e é importante que os pais, junto aos professores, prestem mais atenção ao uso excessivo e quando essa tecnologia pode tornar-se nociva. A alternativa é orientar que o uso de qualquer tipo de aparelho deve ser usado de forma saudável como um auxílio e não uma dependência. É preciso estabelecer limites, dobrar a atenção, principalmente com as crianças que são muito mais vulneráveis.
Síndrome de FOMO
Síndrome ligada à saúde mental (do inglês fear of missing out, «o medo de perder algo» ou «o medo de ficar de fora») é a patologia psicológica que se produz pelo medo a ficar fora do mundo tecnológico ou a não se desenvolver ao mesmo ritmo que a tecnologia.
Quase dois terços do total de usuários das redes sociais no mundo padecem de FOMO. O vício de se manter atualizado nas redes sociais é proporcional ao medo que se sente ao não poder o fazer em tempo real. Segundo uma pesquisa, os homens são mais propensos a desenvolver a dita síndrome em comparação com as mulheres.
Uso inadequado de redes sociais e a depressão entre adolescentes
No início de 2021, estudo publicado na revista Lancet deu número aos riscos. Com base em dados de 10 mil adolescentes de 14 anos, o levantamento revelou que, entre os que passam mais de 5 horas por dia nas redes sociais, o percentual de sintomas de depressão cresce 50% para meninas e 35% para meninos.
A FGV – Fundação Getúlio Vargas, também fez um estudo realizado em 2019 (Indicador de Confiança Digital – ICD), que trouxe que para 41% dos jovens brasileiros, as redes sociais causam sintomas como tristeza, ansiedade ou depressão. O estudo avaliou as perspectivas dos brasileiros em relação à tecnologia.
“Os jovens estão cada vez mais nervosos com a possibilidade de perder alguma coisa que está acontecendo no mundo ou no seu ciclo mais próximo de amizades. Todos ficam querendo consultar o celular muitas vezes por dia”
Explica o professor André Miceli, que está à frente do estudo da FGV. Para ele, esses comportamentos são sintomas claros da síndrome FOMO.
Saúde Mental
Outro estudo efetuado pela Royal Society for Public Health – 2019 revela que as taxas de ansiedade e depressão entre jovens de 14 a 24 anos aumentaram 70% nos últimos 25 anos. Ao todo, 1.479 participantes das pesquisas falaram sobre o nível de envolvimento com aplicativos de redes sociais.
O resultado indicou que o compartilhamento de fotos pelo Instagram impacta negativamente no sono, na autoimagem e aumenta o medo de jovens de ficar fora dos acontecimentos. Cerca de 70% dos jovens revelaram que o aplicativo fez com que eles se sentissem pior em relação à própria autoimagem e, quando a fatia analisada são as meninas, esse número sobe para 90%
Essa competição por “likes” foi vivida intensamente pelo estudante universitário Bruno Peres, 20 anos, que chegou a ter quatro contas simultaneamente no Instagram e 25 mil seguidores em apenas uma delas até perceber que a rede social estava mexendo com o seu cotidiano, forçando-o a ser uma pessoa que ele não é.
“Quando eu alcancei os 25 mil seguidores, a rede social acabou se tornando um problema, pois eu sentia uma necessidade intensa de agradar essas pessoas e fazer o número de seguidores do Instagram aumentar cada vez mais. Virou um jogo, pois quanto mais seguidores alguém tinha, mais ele era poderoso e poderia ser importante para me ajudar a alavancar o número de seguidores na minha conta também”, disse.
Segundo o universitário, as publicações começaram a se tornar uma obrigação para mostrar o quanto a sua vida era “perfeita”.
“Era uma fuga da realidade, onde eu poderia falar de coisas da minha vida que não eram tão boas e onde eu poderia criar essa perfeição”, lembra o jovem, que chegou até a comprar seguidores para manter o status na rede social.
Para Jackeline Giusti, psiquiatra da infância e da adolescência do Instituto de Psiquiatria da USP, o uso inadequado das redes sociais pode impactar negativamente na vida de adultos, mas sobre tudo na de crianças e jovens.
“Estudos mostram que as redes sociais desenvolvem maior irritabilidade entre crianças que utilizam mais de duas horas diárias. Isso pode acabar desenvolvendo sintomas depressivos, diminuição do rendimento escolar e diminuição de atividades lúdicas e esportivas, que auxiliam na saúde mental”, avaliou.
Considerações finais
Aqui na #VTADDONE temos comprometimento com a sociedade. Atuamos todos os dias com diversas contas de empresas anunciantes nas redes sociais. Todas elas passam por critérios de qualidade. Temos a responsabilidade de atuar com comunicação verdadeira, que não violam as políticas e termos das redes que estão evoluindo cada vez mais para preservar a saúde mental da sociedade. Apoiamos a ideia de que as crianças devem ter o mínimo contato com as redes, e ao utilizar, deve ter a supervisão de um adulto responsável.
Eu me chamo Vinícius Taddone, sou fundador da VTaddone Studio, sou pai de 2 meninas pequenas e zelo pelo compromisso de trabalhar com redes sociais da forma correta.
Estarei ao seu lado para te ajudar, em uma conversa que seja, para que seus filhos sejam preservados de toda comunicação inadequada também. Desde já indico esta reflexão sobre o quão dependente você ou sua família possa estar.
Por uma sociedade melhor. TAMO JUNTÃO!